sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Nossos abadás são nossas fantasias


Quando dou os primeiros passos pelas pontes coloridas, em direção ao som dos trombones misturados às batidas do maracatu; quando vejo pais carregando pequenos nos ombros, serpentina, confete, alegria, distribuindo amor; quando vejo as troças, os batuques, os mangue-boys, os alternativos, as sandálias de couro, os ambulantes, o cheiro de gente passando, vivendo, suando, cantando, comendo...cheiro de gente reunida para dividir felicidade. Quando eu vejo tudo isso, meu coração salta do peito ante à ansiedade do momento de me inserir nos festejos. Como admiro o carnaval de minha cidade!!
Como é lindo ver tantas pessoas entoando em uníssono as mesmas canções todos os anos...canções estas que soam como verdadeiros hinos, emprestados de épocas passadas, e que permanecem vivos através do exercício desse resgate. Quanta coisa para se admirar!! Ficaria horas apenas observando toda essa folia, todo esse descer e subir de ladeiras, todo esse êxtase dividido...toda essa harmonia resplandecida nos rostos e sorrisos e beijos e notas cantadas dos artistas dessa grande obra!!
O Carnaval de Recife e de Olinda merecem homenagens mundiais, pois carregam como principal atrativo a possibilidade de congregar todos num só grupo...Brancos, negros, velhos, pobres, bebês, ricos, muito pobres, muito ricos, homens, mulheres, crianças, bons, maus...brincam todos lado a lado e parecem, por alguns dias, esquecer das dificuldades por que passa esta cidade nos últimos tempos...
Porque bastam as primeiras notas do "Vassourinhas", para que todos - todos- entoem numa só voz o 'pã-rã-rã-rã-rã-rã-rãnnnn", em homenagem à festa, às suas cidades, ao frevo e à beleza do que significa um carnaval de todos. Sem distinções, sem convites, sem divisões, sem barreiras. Com amor, união, paz de espírito e no coração e muita, mas muita vontade de festejar a felicidade de viver um bom frevo.
Nossos abadás são nossas fantasias!!!
E como "todo carnaval tem seu fim", que o saldo final destes dias seja apenas pés cansados e um sorriso no rosto que, se puder, permanecerá ao longo do ano.
Sexo com camisinha! Não às drogas! Não à violência! Sim à folia e à gentileza de cuidar bem de si e do folião ao lado nesse carnaval. Esses são meus votos a todos aqueles, que, assim como eu, vêem nessa festa mais do que uma simples esbórnia disseminada, mas uma verdadeira comunhão de todas as gentes. E como eu tenho orgulho dessas gentes nessa época...e que época!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Nem a minha antipatia à festa momesca diminuiu o brilhantismo do texto... Show! E, apesar de ainda não ter me convencido a enfrentar homens, mulheres, bebês, velhos, ricos e pobres ao mesmo tempo, me deu uma visão bem bonita e realista do que é o carnaval!
Xero, Aninha