sábado, junho 23, 2007

"9"


Enquanto o mundo explode lá fora em fumaça, pólvora e arrotos de canjica, e meu cachorro enlouquece por conta dos barulhos apocalípticos dos fogos e adjacências, vasculho a internet em busca de algum passatempo, verifico emails, organizo pastas do computador. Em busca de algo ainda inspirador - achei que assistir "Zodíaco" hoje à tarde me traria alguma inspiração, mas não obtive sucesso -, ponho o disco mais recente do Damien Rice para rodar no media player. Na busca de algo interessante para ver, percebi que o mais de interessante que ocorria comigo no momento, além de imaginar modos de acalmar meu cachorro que ladrava de desespero tentando infiltrar-se pelas grades da casa, eram justamente as músicas que eu ouvia.

Damien Rice. Conhecido do grande público através da famosa canção do filme "Closer" (imagino a bela cena de Natalie Portman atravessando a rua enquanto "I can't take my eyes off of you" se repete, repete, repete...), canção esta que originou a versão "Eu não vou parar de te olhar", de Seu Jorge, o qual fez um grande sucesso em um certo Natal de outrora num dueto com Ana Carolina.

Pois bem. Após ter me encantado com a simplicidade complexa do filme "Closer", bem como com a beleza de sua trilha, e em especial a canção do Damien Rice, resolvi apresentar aos meus ouvidos este cantor, sem nada esperar, no passado ano de 2005. Eis que o emule me proporcionou a maravilha de exaustivamente ouvir "O" (primeiro trabalho solo do cantor, se não me engano). Lirismo, melancolia, graciosa dor de cotovelo, profundidade, amor, sentimento visceral e escancarado. Isso tudo brotava de cada verso daquele album. Todo esse conjunto de sensações - ou seja, quase tudo que eu desejo quando escuto uma música- me conquistou de cara.

Contudo, eis que a fórmula, após repetidamente consumida, foi se esgotando e deixei um pouco de lado, sempre indo buscar esta fonte auditiva sentimental quando precisava de um pouco de lirismo na minha vida. Talvez à espera de algum novo som charmosamente contagiante. Devo ter encontrado, porque não senti alguma falta desesperadora de um novo trabalho de Damien Rice. Mesmo assim, anos depois (exagero aqui), já sabendo que havia nova música dele rolando por aí ("Me, My Yoke and I"), a qual não consegui encontrar para download à época, vou ao cinema descompromissadamente ver o filme "Shrek Terceiro" e, tal foi a minha surpresa, que no momento-drama do filme, o que toca?? Hein? Hein? Damien Rice!! Flashes de memória e saudade evocam nesse momento: 'Preciso ir atrás dessa música ... Preciso saber se isso significa um Cd novo...'

Não deu outra! Facilmente dessa vez encontro o disco "9", cuja data acusa o ano de 2006 (!!!!) Como pude deixar essa relíquia passar assim, despercebida??? "9" é um CD igualmente profundo, igualmente melancólico, extremamente carregado do mesmo lirismo e emoção que me cativaram no "O", porém, surpreendentemente, com momentos barulhentos e ápices dramáticos dignos de uma boa cena de destruição de quarto e pulsos cortados. E como eu gosto disso!!!

Decidido: "9" vai embalar meu Sao João, vai me embalar nessa necessidade de fuga premente, vai me inspirar a repensar e repensar novamente acerca de minha vida, meus sentimentos, meus desejos e meus anseios. será a trilha sonora para a reconstrução de ideais, de metas e planejamentos. Atrasada, porém bem-vinda está me sendo a audição desta Obra tão rica, tão profunda, tão apaixonante. Damien Rice se mostra um primor de artista: seguro, sincero e corajosamente intimista, dono de uma voz plácida e limpa,que pretende servir de pano de fundo para os próximos capítulos desta minha vida. E, assim, cada suspiro de cada verso me acompanha nessa empreitada reflexiva.

domingo, junho 17, 2007

São João?


Muitos me recriminam por muitas de minhas opiniões, e esta sobre a qual estou prestes a discorrer não é diferente! Sei que serei recriminado por muitos! Mas, como a coragem de assumir a minha peculiaridade é um de meus fortes, sinto-me à vontade para soltar o verbo.

Estou aqui para falar mal do São João. Os céus que me perdoem, bem como o restante das santidades que nele residem, mas não se trata de uma festividade a qual aprecie. Sigo além: mais do que desapreciar, relativamente abomino. E este 'relativamente' não foi empregado à toa. Apenas não recrimino por completo porque sei que tal festa, alheia à comercialização e à erotização a que é submetida pela estilização vulgar do tradicional, tem como prerrogativa justamente o resgate à tradição. Isto é notável no costume de acender fogueiras, estourar fogos, bem como dançar o folgoso forró pé-de-serra e, é claro, a famosa quadrilha matuta. O São João, em minha leiga opinião, deveria ser uma festa em que buscasse resgatar os costumes mais sertanejos de nosso País...

Contudo....como o homem quase sempre desvirtua tudo que tem algum sentido de existir, o que vemos hoje em dia com o São João não poderia ser diferente. O cheiro de pólvora fraquinho que ficava na rua quando eu era menino, deu lugar ao insuportável cheiro da fumaça das fogueiras que TODOS os vizinhos teimam em fazer em frente às suas casas... O que antes era feito coletivamente, uma grande fogueira armada para toda a comunidade, hoje se tornou uma possibilidade de afirmação, uma disputa de status, uma competição pela maior labareda ou pela fumaça mais intoxicadora. Pular essas fogueiras tornou-se uma tarefa impossível! Até mesmo aproximar-se delas é dificultado pela dor que causam aos olhos.. São lágrimas escorrendo involuntariamente que desestabilizam quaisquer tentativa de aproximação com as ditas cujas. Primeiro ponto baixo: utilização das fogueiras como ostentação e poder são um mero sinal de que o São João perdeu a característica coletiva para a individualidade.

Ademais, vamos às músicas...Talvez seja este o ponto mais controverso. Não venham me dizer que as famigeradas bandinhas pseudo-bregas de forró, que levantam a bandeira da diversão e do compromisso com a alegria, são representativas dessa época. Tais bandas ( "Café-com -numsei-o-quê", "Limão com rapadura", "Calcinha num-sei-que-cor") são arremedos de bandas de forró! São enganadores, golpistas, meras empresas do entretenimento barato, são o circo da política safada do 'pão e circo', desta vez disponibilizada pela mídia despecializada. São lixos radiofônicos que, comparados à poesia e à simplicidade do pé-de-serra, não merecem nem mesmo a reciclagem. Os ritmos matutos devem ser guiados pelo som do triângulo e da sanfona, e cantados pelo suór do sanfoneiro legítimo em cuja circulação, além de sangue, deve correr o som de sua terra. O São João não merece mais uma prova de ridicularização da mulher, como é feita com louvor pelas irmãs-bandas bregas ao longo do ano. O São João, apesar de um amigo distante e não tão íntimo, não merece tal afronta! Segundo ponto baixo: a descaracterização sonora por conta da "estilização" desabonadora das empresas disfarçadas de forró. Meros golpistas fantasiados de artistas.

Por fim, e não menos importante, cabe citar o próprio comportamento das pessoas. As festividades dessa época antes imbuíam nas pessoas o verdadeiro espírito matuto. Os comes-e-bebes eram um grande atrativo e a incocência da dança de uma quadrilha improvisada era um dos pontos altos da noite. Atualmente, as festas de São João são meros 'points' de encontro e exibição daquela bota nova e do 'look' propositalmente imitador do interiorano. O São João serve hoje para servir a mais uma balada em forma de feriado para os jovens, que, ao ritmo lancinante do forró eletrônico de um (a) cantor (a) desafinado (a), entregam-se à folia junina, que mais parece carnavalesca. Terceiro ponto baixo: o comportamento atual releva a tradição em virtude do hábito farrista de refestelar-se no sexo oposto ao som de um ritmo enganador.

Polêmicas à parte, se há alguma defesa que posso fazer ao São João, esta reside na necessidade premente de resgatar sua essência!!! Os rumos comerciais, bem como a artificialização do que era para ser uma volta ao natural, banalizam uma época que poderia ser rica em cultura, mas se descaracteriza em virtude do afastamento da mesma. Cultua-se a aparência (trajes da moda), quando esta deveria servir de brincadeira (trajes matutos); priorizam-se as músicas modernosas que falam de bordéis e cultuam a promiscuidade, em detrimento do lirismo de uma boa música de 'Luís Gonzaga' !! E, dessa forma, mais um evento que tanto poderia ser não é, o que muito me incentiva a preferir ficar em dia com os lançamentos da locadora e do cinema, do que me esbaldar na cultuação a uma festa tão descaracterizada.


Com o perdão da brincadeira:


Olha, que isso aqui não está muito bom; isso aqui poderia ser bom demais.

Olha, quem tá fora, lá quer ficar. E quem tá dentro se esvai.


**Se eu fosse uma bandeirinha, desejaria ser um balão, para voar bem pra longe de tudo isso**

sábado, junho 16, 2007

CEM


Sem o sentimentalismo de sempre.
Sem o sentido de prolixidade.
Sem a pressa de acabar o mal-iniciado.
Sem a parcimônia de gastar a quantidade.
Sem o hábito de atropelar o planejado.
Sem o trânsito de frear o acelerado.
Sem a angústia de guiar o teu caminho.
Sem a força de fechar-me sozinho.
Sem a coragem de parecer corajoso.
Sem o meu modo de dizer o seu modo.
Sem o seu modo de aceitar o meu jeito.
Sem a sua luta de entender o meu canto.
Sem a obrigação de lembrar seu respeito.


***


Cem textos.

Sem palavras!




quarta-feira, junho 13, 2007

"Viajar eu preciso" ou "Hermanos e irmãos"







Apaixone-se perdidamente por uma banda, faça amigos excepcionais por conta dela, seja maluco o suficiente para viajar ao encontro do último show, arrume mais malucos iguais a você para te acompanhar e seja feliz! Se a felicidade existe, foi com ela que estive nos últimos 4 dias.

O desejo de presenciar o provável último show da Los Hermanos foi o pontapé inicial de uma viagem inesquecível ao Rio de Janeiro, cujo esboço de idéia nasceu de uma mera probabilidade que foi se consubstanciando na loucura dividida entre amigos. Ingresso comprado no ímpeto do inesperado, passagem adquirida na ânsia do desespero, alegria garantida pelas ótimas companhias entre paisagens memoráveis.

É verdade tudo que dizem: o Rio é mesmo muito lindo. Não há como negar! Os problemas socias subjacentes a qualquer boa cidade brasileira praticamente somem diante da beleza hipnotizante do lugar. A malandragem preguiçosa de seu sotaque parece desfilar pelo ar, subindo e descendo os morros que saltam à vista a cada momento. Trata-se de uma cidade em constante visitação, cujas belezas são constantemente submetidas flashes fotográficos. Turistas ensandecidos por todo lado, em toda esquina, seja no Centro, seja no subúrbio, garantindo sua lembrança inesquecível em forma de retrato, são lugar-comum. Eu era um deles, juntamente com meu grupo de companheiros inesquecíveis.

Juntos dividimos momentos importantes de nossas vidas, desde a foto conquistada ao lado de nosso ídolo (algo completamente inesperado) ao show praticamente particular na passagem de som invadida; desde o entusiasmo de entoar o hino de nosso Estado na fila do esperado show à emoção de unir suór, sorrisos e lágrimas durante o espetáculo de despedida; desde a espera cansativa do nascer do sol num aeroporto semi-morto e gélido à descontração de conhecer aos poucos cada detalhe um do outro; desde a maluquice sadia de guiar-se por informações desencontradas à beleza de compartilhar um linda paisagem no final; da satisfação de ver o mundo dando voltas em virtude de uma cachaça coletiva ao singelo desejo de prolongar o momento da companhia.
Conhecemos uma cidade nobre em sua história e exemplar em beleza. Cada rua, cada construção, cada obra natural forma um conjunto inigualável. O Centro resguarda a tradição do antigo juntamente com a sofisticação do novo; os subúrbios contêm a placidez do verde adicionado à turbulência do trânsito; as praias famosas acrescentam ao seu poder turístico de conquista a sua estética incontestável.


O Rio de janeiro deve continuar lindo por muito tempo. Não é à toa que hoje cultuamos nomes como Vinícius de Moraes ou Chico Buarque...Seria praticamente uma afronta se uma cidade com o Rio não incentivasse mentes brilhantes e corações em formas de versos como os destes poetas. O Rio é um poema rimado por suas estradas devastadoras de morros, uma canção cuja melodia reside no tom de suas imagens sem igual. E os cariocas parecem ser os músicos que dão arranjo a este grande poema musicado, sincronizados em sua sintonia malandra.

Por fim, tão certo quanto a saudade destes 4 dias, agradecido estou pelo fato de ter dividido tais momentos com pessoas tão especiais. O pouco tempo de convívio consolidou-se numa forte amizade ratificada pelo poder de momentos em comum, divididos em euforia e êxtase de aproveitar cada segundo. Cada figura, cada sorriso, cada risada sem fim estão guardados neste coração de quem vos escreve em forma de sentimento querido.

Viajar em busca da Los hermanos era uma necessidade angustiante, que se transformou num presente precioso. Os irmãos conquistados lamentam o 'adeus' momentâneo da banda, mas agradecem pela irmandade que este hiato ajudou a iniciar.

Até a próximo vislumbre deste pernambucano que desejou ser carioca por um momento em sua vida!

terça-feira, junho 05, 2007

Dize-me teu nome, que te direi com quem ele parece


Por trás de nosso nome, há algo além ou aquém de uma pessoa, com sentimentos, temperamentos e personalidade. Nele se encerra uma força externa maior, a qual deixamos nos vencer ou não. Cada nome traz em si uma carga simbólica, que coincide ou não com o modo de vida e o jeito de ser de seu dono.

Explicarei: nossos ouvidos, os quais possuem uma ponte interessante diretamente ligada ao nosso honrado cérebro, recebem as ondas sonoras realizadas pelo som de seu nome, e são transmitidas, através de impulsos elétricos à região cerebral responsável por transformá-lo na imagem que dele temos. Porém, a imagem a qual quero aqui demonstrar, não é a ligada à sua figura, ao seu rosto, à sua pessoa. Cada nome vive sozinho, sem o seu dono, mesmo porque um nome pode ser dividido entre várias pessoas diferentes. Porém, o mais interessante é que cada nome vive de uma forma diferente, dependendo dos ouvidos onde chegam...

Exemplificarei, iniciando pelo meu próprio, claro, para evitar quaisquer acusações: meu nome advém, logicamente, do nome Igor, o qual tem cara certa de segurança de boate ou de bar. (Nada de Igor cigano da novela !! É pra dissociar do que já existe!!) É sim daqueles leões-de-chácara que a gente vê nos filmes, cuja única função é a de pedir senha e a de esbofetear bêbados brigões. Só que, no meu caso, Higgo é o nome de um segurança de família muito pobre, pois seu pai inventou de enfeitar seu nome com o que há de menos combinativo em nossa língua portuguesa. Dois 'g' que tem som de um só, "h" na frente para ficar à frente na chamada e sem o "r" no final, que é pra sintetizar...Pasquale ensinou isso em algum lugar? Eu, mesmo, nunca vi...

Além do meu 'querido' nome, posso lhes dar inúmeros outros exemplos... Vejam Aleriane, por exemplo...É o nome de uma grande amiga, porém dissociando a imagem dela de seu nome, fica óbvia e clara em minha mente a imagem de alguém, por trás de uma ligação telefônica, assim atendendo o telefone: "Operadora X, Aleriane, Boa Tardjje !!"... (assim mesmo, com dj...no carioquês...) Aleriane foi inventado para ser nome de operadora de telemarketing, e se, minha amiga mudou essa história que parecia estar marcada como decisória pelo poder imposto por tal nome, tornando-se uma futura artista plástica, ela venceu o destino marcado pela cartório !!!Apesar de achar que um nome do tipo Glauco, ou Elisa, combina muito mais com artistas plásticos...

Continuando nossa tarefa de decifrar a natureza de cada nome, chegamos a um interessante. Em que imagem vocês pensam ao ouvir, por exemplo, o nome Natana?? Vejam se essa imagem não cabe perfeitamente: descendo das escadas improvisadas da favela, lá vem Natana, com seu cabelo baixinho pintado de loiro-albino, seus shorts jeans rasgados que antes eram uma calça corsário, seu top estampado com papoulas rosas e seu piercing que mais parece uma alegoria de escola de samba. Se formos pesquisar mais a fundo, saberemos que na verdade seu nome é Natan, mas a identidade sexual de nosso personagem não vem ao caso...

Vamos adiante: Elizabeth!! Como pode uma criança chamar-se Elizabeth...? Uma criança não tem cara de Elizabeth...Invariavelmente, uma mini-Elizabeth, deve responder aos apelidos de "Lili", "Lizinha", "Bethy", "Betinha.." Elizabeth é nome de senhora, mais especificamente daquelas velhinhas que viajam freqüentemente em excursões de idosos, e que sabem fazer um ponto-de-cruz como ninguém...É lúcida a imagem de Dona Elizabeth, costurando sentada em uma mesinha , entre outras senhoras (Conceição, Maria das Dores, Maria Anunciada, Fátima e Marlene), a bordo de um cruzeiro com destino a Angra dos Reis, indo para o 75º Encontro Mensal de Dança de Salão para a Terceira Idade...

Posso dar-lhes muitos outros exemplos: Rubens é nome de intelectual, de alguém que quando morrer certamente deve contribuir com seu nome para alguma rua e avenida; Adriano Ricardo, assim, junto, é nome de personagem de novela mexicana, e sua mãe, a espectadora assídua Jucilene, colocou, claro, em homenagem ao galã da novela; Wendell...nome perfeito para os ambulantes, sejam da praia, sejam do Centro da Cidade; Bruno é nome de surfista mauricinho, daqueles que vão-e-voltam de Maracaípe como quem compra pão; Angélica é nome de mulher recatada que esconde o grande segredo de se envolver com o pai de sua melhor amiga; Suzy é nome de cachorro, desculpem, assim como Astor, Otto e Rufus; Ana, nome de carola de igreja que reza três terços por dia, etc e etc e etc. Há vários outros escondidos em nossa consciência: Manoel é nome do padeiro; Seu Anselmo, o da banca de jornal, que também faz jogo do bicho; Ívisson, o do rapaz que dá aquela força lavando o carro e arrumando o jardim; Samuel, o taxista de confiança que faz umas viagens com você vez em quando.

Pois bem....poderia ficar aqui horas e horas transcrevendo nomes e as impressões pré-conceituosas que sobre eles posso citar. É claro que isso não passa de um exercício de quem não tem outra coisa importante para falar, e que os significados de tais nomes dependem dos ouvidos e das impressões de quem os recebe. A falta de ciência dessa prática não inibe o poder de seu excesso de criatividade, pois, pode ser a partir de nomes, que novos personagens são criados. Melhor: cada nome nos apresenta a um personagem diferente, presente na imaginação fértil de cada um. Na vida real, acredito que o nome pouco - ou quase nada- diga sobre a pessoa que o possui (a não ser que alguém se chame Ribonucléica - essa possivelmente é uma pessoa deprimida...). O que fala realmente sobre ela é o seu caráter e no que ela acredita. Mas, num mundo fictício, presente nos vastos labirintos da criação de uma mente, um nome cabe perfeitamente na figura imaginativa para que nos remete nosso cérebro quando traduz aquelas ondas sonoras que em nossos tímpanos chegam.

Portanto, seja você Samantha (lésbica, claro), seja você Aguiar (corretor de imóveis, óbvio), ou Tereza (nome de vó, qualquer uma), Vera (cabeleireira) ou Jaciara (professora), é você que escolhe quem você quer ser. Seu nome pode se tornar apenas o alvo de brincadeiras como esta, mas você tem o poder de fazer a sua pessoa servir, não de brincadeira, mas de exemplo. E isso, claro é muito mais importante. Beleza, Antônio do elevador?