quarta-feira, setembro 24, 2008

O problema


Geralmente se acorda com um bocejo, um espreguiçamento de pernas e braços e coluna travada. Eu me levanto com coriza. É o primeiro sinal de uma semana que sempre começa ruim, mesmo que seja boa.


Por quê?! Porque a droga da segunda-feira me traz, além do anúncio de 5 dias úteis-inúteis, a percepção de que ainda estou no mesmo lugar. É sempre assim: passa um concurso, vai-se a esperança, os sonhos se destróem em camadas, quadro a quadro, como no delete de foto de máquina digital. Preciso tirar mais fotos.


E essa coriza, que não passa, pinga na camisa, escorre até os lábios, acaba com os papéis higiênicos de todos os banheiros, me lembra melancolicamente que meu nariz é apenas um de muitos dos meus problemas. Se meu nariz não fosse aquilino desse jeito, apontando para o inferno, ele apontaria para um problema maior: o futuro.


quinta-feira, setembro 04, 2008

Gelo e inferno


Chegou setembro e com ele o sol (mais sol). Uma calota se desprendeu. Ursos pulam de gelo em gelo. Na minha parada de ônibus, passou um veículo alternativo e espirrou fumaça preta na gente. Cheguei ao trabalho com cheiro de inferno-diesel. Isso não me aperreia tanto quanto visualizar ursos morrendo afogados por não ter onde ficar. Eu chegaria todo dia com cheiro de inferno, pra que o gelo dos ursos congelasse novamente. Pensando bem, não chegaria não. Porque é a fumaça do meu inferno que derrete o gelo de quem não tem nada a ver com isso.