sexta-feira, setembro 08, 2006

Facínoras fascinantes


Como viver é engraçado...Somos seres altamente complexos - ou pelo menos nos achamos assim- e somos capazes de agir de diversas maneiras, em diferentes situações, em distintos momentos e lugares. Somos, digamos, seres altamente versáteis, adaptáveis, cuja característica das mais marcantes reside simplesmente na insatisfação. E este ponto é imprescindível na percepção do quanto complexos somos. A grande maioria das pessoas teoricamente nasceu para atingir objetivos: aprendemos que devemos viver em busca da felicidade, e ela, de modo geral, deve vir revestida de saúde, amor e dinheiro no bolso. Mas, quando se tem tudo isso, nunca se sabe se a felicidade já chegou. Não venho aqui falar de felicidade, mas do quanto somos injustos com a felicidade que nos é apresentada. Para nós, ela é o grande objetivo, mas nunca a reconhecemos, simplesmente porque nossa incessante "vontade do mais" nos nubla a devida consciência. Somos inconformados por natureza, e esse estado de entropia constante nos torna cada vez mais investigadores de novidades que venham a preencher o estado vazio causado por algo que está para chegar, mas chegou e não se percebeu. Somos animais que pensam (demais) e, por isso, sentimo-nos obrigados a fazer jus a essa capacidade única: queremos mais! Queremos sempre buscar uma forma de ultrapassar limites, de aumentar nossas áreas de influência, de esticar nossos passos, de aumentar nosso ritmo. Corremos sempre em busca de recordes, de galgar degraus mais altos e mais difíceis...E, nessa trajetória, esquecemos de nós mesmos...Esquecemos, por conta dessa corrida pela felicidade plena que nunca virá, que já somos felizes. Não percebemos o quanto o presente de ir em busca da felicidade nos mostra caminhos felizes! Mas não os vemos...E, assim, felizes que somos, vemo-nos muitas vezes tristes por não encontrar a felicidade com que sonhamos.
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Somos facínoras fascinantes, verdadeiras vítimas de nós mesmos...

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