quinta-feira, janeiro 24, 2008

Ledger...Lenda?



2008 já começa com turbulência na indústria cinematográfia. Não, não é mais um filme sobre seqüestro de aviões. O seqüestro em questão, aliás, o desaparecimento de que se fala é a falta de tranqüilidade. Greve dos roteiristas ainda indefinida, festa de Globo de Ouro cancelada, Oscar temeroso pela possibilidade de cancelamento...Tudo isto já provocou rumores refletidos nos mais diversos estúdios mundo afora. Mas eis que a vida põe tudo isso de lado, e muda os refletores. É através da morte que ela secundarizou todas estas as crises já citadas. Primeiro, Brad Renfro é encontrado morto pela namorada, supostamente vítima de overdose. Em seguida, Heath Ledger encontra o mesmo fim: o corpo do ator foi surpreendido por sua empregada e massagista, aparentemente vítima de uma overdose (acidental?) de pílulas parta dormir. Antes fosse mais um roteiro de Hollywood. Mas é realidade.

James dean, Bruce Lee, Brandon Lee, River Phoenix. Estrelas precocemente levadas do recinto terreno, pelos mais diversos motivos. Tão chocante e repentino se torna o fato, que logo se tornam mártires. Numa espécie de marketing pessoal póstumo (e mórbido), tais estrelas alçam, mesmo após a morte, algo semelhante à "Calçada da Fama" de nossas consciências. Como numa espécie de agradecimento pelo pouco (ou não) a nós por eles proporcionado - em virtude da brevidade de suas vidas-, além de uma forma de recompensa pelo trágico da chegada da morte em idade tão pouca, prontamente a opinião pública os imortaliza, criando uma espécie de símbolo da fragilidade da vida ante à irremediabilidade da morte.

O ator Heath Ledger, a mais recente perda, infelizmente é mais um desses exemplos. Porém acrescento méritos maiores do ator em vida, mais do que simplesmente a forma de sua morte, que cooperarão para a imortalização de seu nome:o trabalho deixado por ele. De astro adolescente a ator dedicado a papéis desafiadores, sua trajetória ascendente traçava caminhos parecidos a estrelas consagradas, como Johnny Depp ou Edward Norton. Como Jake Gyllenhall e Ryan Gossling, Ledger constava do rol de jovens atores experientes e de currículo invejável.

Seu último trabalho, o coringa, no mais recente filme do Batman, já levantara ótimas expectativas, elogios ecoavam a cada exibição do trailer, em que, ironicamente à nossa falta de alegria, ele imortaliza a fala: "Why so serious?". Não apenas sérios. Fãs, profissionais das mais diversas áreas artísticas ao redor do mundo, entre tantos outros que acompanhavam sua carreira, hoje estão tristes. Lamentando não apenas a perda de uma vida que cumpriu com louvor seus destínios, mas a fatalidade da morte, em hora tão inesperada. Sem contar o carisma e o talento perdidos no que se poderia chamar de auge da carreira. Seria como um piloto de Fórmula 1 falecer a caminho do pódium. Ledger estava prestes a colher e desgustar de uma consagração conquistada com trabalho sério e competente.
Pessoalmente, sempre admirei suas escolhas e seus papéis e claramente via que ali estava algo de substancial. Ledger não era mais um ator, entre tantos. Era um dos melhores. Como ele, no Brasil, eu citaria Selton Mello, Caio Blat ou Rodrigo Santoro. Atores que trazem em seu nome um currículo de qualidade. Mas, infelizmente, o nome de Ledger, que ultrapassara os limites da promessa, para sempre será associado à efemeridade irremediável da vida. Ledger deixa seu talento registrado como um ícone, e, com ele, a inconfortável pergunta: como lenda?

Um comentário:

Anônimo disse...

perguntar se tu sabe falar de cinema eh a mesma coisa que perguntar se padre sabe rezar missa!

Eu não conhecia o trabalho dele, mas é triste ver alguém que tem tanto por viver, morrer.

=*

te amo