domingo, agosto 20, 2006

Sol


O sol apareceu pra contar que as nuvens de ontem foram encomendadas por ele.
'Muito cansado, ultimamente', ele disse.
Logo, chamara as nuvens para ocupar o espaço dele no céu.
Só que as nuvens cumpriram bem demais o seu papel.
Empolgadas com a importância de tal substituição, elas partiram a ocupar todas os lugares que antes pertenciam aos raios do sol.
Com sede de eficiência, taparam todas as frestas, fecharam todas as brechas...
E, sem querer, criaram uma escuridão nunca antes vista, uma espécie de sombra incessante, escurecendo todos os espaços.
*
Eis que, com o recesso do sol, todos perceberam que nada pode susbtituí-lo, e que ele é, indubitavelmente, essencial.
*
A luz, mais do que a beleza de enxergar, traz a sensação psicológica de normalidade à rotina. Traz a calma necessária para que o andar da carruagem não perca o rumo da estrada, por mais sombras e obstáculos que ela possua...por mais que ele esquente, queime e seque sem pesar.
Mas, ele floresce, ilumina e envivece o que estava quase morto.
Depois daquele dia, nunca mais o sol fez suas malas.
E voltou ao velho hábito de despedir-se de um lado, apresentando-se ao outro.
Sempre lá....onisciente...como devem ser os melhores contadores de histórias...

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