Tiro a areia das sandálias de couro que você me deu.
Meio sal, meio saudade dos tempos em que nossa casa era de luz.
Fotos ao chão, jogadas, quase escondidas debaixo dos móveis em que nos amamos
A observar, envergonhadas, todo o desejo que desmoronou.
Nelas, sou eu, é você, de algum jeito que a gente nem lembra mais
Nelas, não sou mais eu, não é mais você, desse outro jeito que a gente nem quer entender.
Era tudo tão feliz quando eu pensava num sorriso
Era tudo tão cardíaco, tão pulsado, tão detalhadamente imaginado...
Hoje é expressão sem expressão, fechada em pergunta,
um coração cansado, um pulso fraco, uma lembrança
quase esquecida de se ter.
É incrível como as melhores coisas de um tempo
nunca permanecem muito tempo.
Logo são substituídas por novos momentos
novos melhores momentos,
novas fotos que sobre os mesmos móveis
oniscientes e traidores móveis
se alçam, diferentes e imóveis, nos novos porta-retratos
a admirar outros personagens que se enveredam
em novos amores,
na ilusão do que tem de ser, de novo,
pra sempre.
6 comentários:
Tô chorando...
Que boa surpresa entrar neste blog e ver tantas "Selmas" de cara.
Abço,
Pitango
http://www.lenfantdeboheme.blogspot.com/
que espaço colorido, esse teu.
(eu gosto do desabafo.)
É primeira vez que entro nesse blog, sobre o poema gostei muito ele é envolvente tocante breve lerei os outros
Parabnes
Urubu
Higgozildo!
Eu já disse que te amo?
Eu já disse que amo o que tu escreve?
Eu já disse que amo esse teu sentimentalismo racional?
Eu já disse!
Com esse texto você conseguiu superar o texto que mais gosto: "queria...", agora ele ficou em segundo lugar!
Eu sei que já disse, mas nunca me custará repetir que eu simplesmente te amo!
Muita saudade de você!
Bjos
May
Nem não Mayléfica hoje, apesar de gostar de sê-lo sempre! Apenas não pra você!
:)
intenso!
amei :D
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