Os cadarços

Hoje meus cadarços desamarraram.
ao abaixar-me, recompondo os laços,
dei de olhares com seus passos
vindo velozes, me derrubaram.
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Fingi não notar seu embaraço
quedei-me a agradecer pelo encontro
não fossem aqueles velhos cadarços
o meu não encontraria com teu ponto.
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Cuidou-se de recompensar com gentilezas
o descuido que me vitimara
e não pude esconder da minha cara
meu encanto com tuas belezas.
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Agradeci por toda atenção
mas se foi em pés descompassados
não antes de sonhar a ilusão
de uma dia vir a ser seu namorado.
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Mas a coragem de falar não foi bastante
guardei para mim minha impressão
percebi que passado aquele instante
jamais haveria outra ocasião.
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Dei por mim, pela rua iam seus passos
na velocidade que cultivavas
pude ver, agora eram os seus cadarços
os que se desamarravam.
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Eis que de longe não pude me conter
ao seu encontro, veículo em movimento
tentei falar, gritar, correr,
mas não deu tempo.
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Você...derrubada pelos laços desatados.
Eu me despedi do futuro que me tiraram,
abençoando os cadarços que a trouxeram
e lamentando pelos que a levaram.