quinta-feira, junho 05, 2008

Pra sempre


Tiro a areia das sandálias de couro que você me deu.

Meio sal, meio saudade dos tempos em que nossa casa era de luz.

Fotos ao chão, jogadas, quase escondidas debaixo dos móveis em que nos amamos

A observar, envergonhadas, todo o desejo que desmoronou.

Nelas, sou eu, é você, de algum jeito que a gente nem lembra mais

Nelas, não sou mais eu, não é mais você, desse outro jeito que a gente nem quer entender.

Era tudo tão feliz quando eu pensava num sorriso

Era tudo tão cardíaco, tão pulsado, tão detalhadamente imaginado...

Hoje é expressão sem expressão, fechada em pergunta,

um coração cansado, um pulso fraco, uma lembrança

quase esquecida de se ter.

É incrível como as melhores coisas de um tempo

nunca permanecem muito tempo.

Logo são substituídas por novos momentos

novos melhores momentos,

novas fotos que sobre os mesmos móveis

oniscientes e traidores móveis

se alçam, diferentes e imóveis, nos novos porta-retratos

a admirar outros personagens que se enveredam

em novos amores,

na ilusão do que tem de ser, de novo,


pra sempre.

6 comentários:

Erica disse...

Tô chorando...

Guga Pitanga disse...

Que boa surpresa entrar neste blog e ver tantas "Selmas" de cara.

Abço,
Pitango
http://www.lenfantdeboheme.blogspot.com/

Anônimo disse...

que espaço colorido, esse teu.

(eu gosto do desabafo.)

Anônimo disse...

É primeira vez que entro nesse blog, sobre o poema gostei muito ele é envolvente tocante breve lerei os outros
Parabnes
Urubu

Anônimo disse...

Higgozildo!

Eu já disse que te amo?
Eu já disse que amo o que tu escreve?
Eu já disse que amo esse teu sentimentalismo racional?
Eu já disse!

Com esse texto você conseguiu superar o texto que mais gosto: "queria...", agora ele ficou em segundo lugar!

Eu sei que já disse, mas nunca me custará repetir que eu simplesmente te amo!

Muita saudade de você!

Bjos
May

Nem não Mayléfica hoje, apesar de gostar de sê-lo sempre! Apenas não pra você!
:)

Anônimo disse...

intenso!

amei :D